TRÊS LAGOAS/MS – Charles Frantz é um dos milhares de haitianos que vieram tentar a sorte no Brasil na onda de imigração que começou depois do terremoto de 2010. Como tantos conterrâneos, Frantz entrou no Brasil por Manaus e passou por São Paulo. Mas ele já veio com um destino diferente em mente: a cidade de Três Lagoas (MS).
“É onde dizem que sobrou emprego no Brasil”, diz Frantz, que em seu país era estudante de ciências da computação. Aqui, ele já trabalhou como ajudante geral em uma empresa de manutenção e limpeza, mas perdeu o emprego com o fim da empreitada para a qual foi contratado.
Ele era um dos cinco haitianos à procura de emprego no dia em que o UOL visitou a Casa do Trabalhador de Três Lagoas. O município, na divisa de Mato Grosso do Sul com São Paulo, ganhou fama de ser um dos maiores polos de emprego do país e tem atraído migrantes e imigrantes de todos os cantos do Brasil.
População quase dobra em dez anos
Esse movimento está acontecendo há uma década e mudou a cidade. “Em dez anos, a população da cidade quase dobrou de tamanho”, diz o ex-secretário de desenvolvimento econômico de Três Lagoas, André Milton Pereira.
A população passou de 75 mil habitantes em 2006 para 115 mil em 2015, segundo as últimas estimativas do IBGE. Mas Pereira diz acreditar que o número real é mais perto de 130 mil habitantes.
Terceira cidade com mais saldo de empregos
E é fácil entender a atração de Três Lagoas. Entre janeiro e novembro de 2016, o município teve um saldo positivo (contratações menos demissões) de 3.651 vagas com carteira assinada. Foi o terceiro melhor resultado do país (atrás de Nova Serrana, em Minas, com saldo de 4.873 vagas, e de Franca, no interior de São Paulo, com 4.834).
Também haitiano, Joseph Fanel chegou a Três Lagoas há cerca de um mês. Ele já está no Brasil há um ano. Trabalhava como ajudante de pedreiro em Brasília e ficou sem trabalho com o final da obra. “O trabalho acabou, todos foram demitidos, e eu vim para cá porque está todo mundo falando que aqui é melhor do que em Brasília”, conta Fanel.