Vinte e oito foram detidas em distúrbios em Seine Saint-Denis na noite de quarta-feira.
SEINE-SAINT DENIS/PARIS – A Região de Seine-Saint Denis, na região parisiense, teve sua quarta noite de violência após a agressão policial que teria terminado com um presumido estupro. O jornal francês “Le Parisien” informou que 28 pessoas foram detidas por suspeita de vandalismo.
Carro foi incendiado em Aulnay-sous-Bois, na terça-feira (7), em protesto contra agressão policial de um jovem negro (Foto: Geoffroy Van Der Hasselt / AFP).
Um deles foi detido em Aulnay-sous-Bois, epicentro dos protestos, que se espalharam por várias cidades. Incêndios foram registrados em Sevran. Uma dezena de pessoas foi presa Blanc-Mesnil.
“Por hora estamos falando de confrontos muito violentos, mas isolados”, disse Luc Poignant, do sindicato policial SGP, segundo a Reuters.
Os jovens usaram um carrinho de compras repleto de coquetéis molotov, de acordo com a Reuters. Dezenas de veículos e uma creche foram incendiados por jovens que entraram em confronto com a polícia em uma área da capital francesa que já foi palco de violentos distúrbios em 2005. Na época, os confrontos evidenciaram o contraste entre a Paris rica e os subúrbios que a cercam.
Na noite de terça-feira (7), 17 pessoas foram detidas em diversas localidades da periferia da capital francesa.
Na quinta-feira (2), uma patrulha da polícia prendeu Theo, de 22 anos, oficialmente por tráfico de drogas. Mas, segundo denúncia do jovem, ele foi agredido pelos agentes, o que o levou a ser hospitalizado e operado. Quatro foram afastados – um deles por ter praticado violência sexual contra o jovem, de acordo com o jornal francês “Le Parisien”. Os outros três policiais respondem por violência desnecessária, informou a Reuters.
A vítima, um jovem negro, pediu calma, e ele e seus familiares dizem confiar que o sistema de justiça irá lidar com o assunto adequadamente. Para acalmar os ânimos, o presidente francês, François Hollande, visitou o jovem na terça-feira no hospital Robert Ballanger, em Aulnay-sous-Bois.
Embora muito mais limitados do que 12 anos atrás, os tumultos serviram como lembrete das tensões latentes em bairros com índice de desemprego acima da média e grandes populações de imigrantes na iminência de uma eleição presidencial. O desemprego em Aulnay-sous-Bois é quase o dobro da média nacional de 10%.
“Lamentavelmente, estes bairros se tornaram guetos”, disse o representante de polícia Yves Lefebvre. Ele observou ainda que os policiais não foram suficientemente treinados e equipados para lidar com os problemas dos amplos subúrbios, onde o tráfico de drogas ganha força.
