Mobilização começou por volta das 5h30 em frente a usina sucroalcooleira do grupo Raízen. Fotos: DIVULGAÇÃO

FNL e Sintraf paralisam rodovia e ocupam fazenda na região de Andradina

“Mobilização começou por volta das 5h30 em frente a usina sucroalcooleira do grupo Raízen”

ANDRADINA – Aproximadamente 500 sem terras, ligados a FNL (Frente Nacional de Lutas – Campo e Cidade) e o Sintraf (Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Andradina e região), realizaram na manhã do feriado nacional da Independência (07/09), bloqueio da rodovia SP-563 (Rodovia Euclides de Oliveira Figueiredo) e ocupação da fazenda Saudade.

Por volta das 5h30, os manifestantes bloquearam a rodovia SP-563, na altura do Km 214, a aproximadamente 500 metros da entrada da usina sucroalcooleira Gaza (Grupo Raízen), gerando a paralisação da usina por mais de uma hora – “nossa reivindicação é que a usina se atenha em realizar plantio ou colheita de cana de açúcar em imóveis que estão em processo de desapropriação, e também que o Grupo Raízen não tome iniciativa de coibir a reforma agrária, como já fez recentemente em pedir reintegração de estrada municipal que está o acampamento da fazenda Alvorada, antiga Macaé, onde a mesma não é de sua propriedade. Ficou agendado para a próxima terça-feira, reunião entre representantes da FNL e do Sintraf com os diretores do grupo para resolvermos esse impasse” – anunciou o presidente do Sintraf, William Marciano Moro.

Ainda de acordo com as lideranças dos sem terras, caso não haja entendimento entre os mesmos e o grupo Raízen, que novas ações serão tomadas contra o setor – “caso não chegarmos em acordo estaremos levantando bandeira para a paralisação da produção de etanol e açúcar em nossa região por tempo indeterminado, uma vez que tais produtos tem gerado emprego, porém não tem beneficiado a população de forma geral, já que o combustível em nossa região sofre elevado valor no preço ao consumidor, mesmo estando em região com inúmeras usinas do setor com grande parte da produção nacional, então o melhor caminho é o entendimento, pois caso contrário os mesmos terão que diminuir seus lucros com o etanol e açúcar para a sociedade. Os usineiros tem o capital, o dinheiro que interessa aos políticos, mas nós temos a massa, o povo que também interessa aos políticos, então se formos para ir para o embate, quem vai ganhar será a população brasileira de forma geral, mesmo a fixação dos preços sendo controlada pelo governo, estaremos pondo pressão” – acrescentou o secretário de Finanças do Sintraf, Renato Sérgio Ribeiro Costa.

Já por volta das 10h, o grupo se deslocou para a sede da fazenda Saudade (distante 7,5 km de Andradina), e fixou acampamento. Às 10h20, o sgt Élcio, cb Gerson e sd Amorim, da Polícia Militar estiveram no local em atendimento a chamado do administrador do imóvel para lavrar Boletim de Ocorrência de invasão.

Segundo o administrador Maximiliano Colombro, os sem terras chegaram de forma pacífica – “eles chegaram tranquilos, onde até o momento não registramos nenhum incidente. Só pedi para os mesmos não adentrarem nas casas ao redor da sede, mas os mesmos estão entrando, mas não tem problema, desde que não haja nenhum tipo de depredação ou dano. Fui orientado pela proprietária a estar indo também na Delegacia Seccional e registrar Boletim de Ocorrência por invasão de propriedade para que depois sejam tomadas as medidas legais

cabíveis, caso os sem terras não desocupem voluntariamente” – ponderou Maximiliano Colombo, que esteve na propriedade conversando com lideranças do grupo e acompanhando a ocupação do imóvel.

A fazenda Saudade é de propriedade de Vera Arantes Campos e possui aproximadamente 900 alqueires e está em sua maioria arrendada para o Grupo Raízen para o cultivo de cana, além de uma área com o plantio de eucalipto.

Os sem terras também cobram o Governo Federal para liberar recursos para novas aquisições de fazendas para fins de reforma agrária e também se empenhar mais para novas vistorias de fiscalização de improdutividade, além de liberar créditos para famílias assentadas – “exigimos a desapropriação da fazenda Alvorada (antiga Macaé), a desapropriação da fazenda São Pedro em Nova Independência, a fazenda Lagoão em Itapura, além de tantas outras que tem seu processo desapropriatório se arrastando por anos na justiça. Se o judiciário senta em cima dos processos, que o INCRA compre novas áreas e realize a inclusão social por meio da reforma agrária. Também queremos que o Governo Federal realize novas vistorias de fiscalização e libere mais recursos para o INCRA poder atuar, pois é necessário manter a reforma agrária na pauta permanente do país como política pública, e também que sejam investidos recursos para a melhoria da produção das famílias assentadas da nossa região. Hoje é feriado da Independência, mas o povo ainda está prisioneiro dos grandes corporativismos, do capital e só com o povo nas ruas reivindicando suas necessidades que teremos um país mais justo e humano para todos brasileiros” – finalizou o dirigente estadual da FNL, Fabrício Henrique Mazotti.

A FNL está mobilizada em ocupações e fechamentos de rodovias deflagradas nos Estados de São Paulo, Mato Grasso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Pará e Distrito Federal com a fornada intitulada de “Jornada da Independência”.

José Carlos Bossolan

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