Motorista contou com ajuda de dois adolescentes, de 15 e 16 anos, para cometer crime em 2015. Mesmo ferida, vítima correu por 100 metros e pulou cerca de arame farpado, até cair na calçada.
SÃO JOAQUIM DA BARRA/SP – O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) fixou a pena de 20 anos, nove meses e cinco dias de prisão a um motorista, de 34 anos, já condenado por matar um amigo esfaqueado e queimado durante o ritual de uma seita satânica, em abril de 2015, em São Joaquim da Barra (SP).
O G1 aguarda posicionamento da Defensoria Pública de São Paulo, que representa o réu nesse caso.
Consta no processo que José Adilson Fernandes de Miranda, então com 30 anos, contou com a ajuda de dois adolescentes, de 15 e 16 anos. O Ministério Público sustentou que a vítima, Renan Antônio da Silva, de 18 anos, conhecia os criminosos e caiu em uma emboscada.
Miranda foi levado a júri em novembro de 2018 e acabou condenado a 23 anos, cinco meses e cinco dias de prisão. A Defensoria Pública recorreu da sentença e a 8ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP reconheceu “ligeiro erro material, concernente ao cálculo da pena”.
Entretanto, o desembargador Sérgio Ribas, relator do caso, afirmou em decisão publicada em 20 de fevereiro deste ano que as provas são “desfavoráveis ao apelante” e afastou a alegação de que o julgamento foi contrário às evidências dos autos.
Entre essas provas, está o laudo necroscópico apontando que Silva morreu por “hemorragia interna traumática aguda em decorrência de agente perfuro-cortante e que houve emprego de fogo e tortura”, conforme consta no despacho.
Miranda está preso desde maio de 2015 e, atualmente, se encontra na Penitenciária Rodrigo dos Santos Freitas, em Balbinos (SP).
O crime
Consta no processo que o motorista e os adolescentes participavam de uma seita satânica e, em 10 de abril de 2015, Miranda disse aos menores que havia recebido uma missão do guia “Pai Supremo” para abrir os portais a outro guia, denominado “Tranca Rua”.
No dia seguinte, o acusado separou peças de roupas e uma faca de cozinha, e as colocou em uma mochila. Depois, o réu ligou para a vítima e a atraiu à casa de um amigo. Durante a tarde, os dois se encontraram com os menores em um bar, onde consumiram maconha.
Os três voltaram a se encontrar às 20h em uma quadra no bairro Pedro Chediack. Antes disso, segundo apontou a investigação da Polícia Civil, Miranda passou em um posto de combustível e encheu uma garrafa pet com R$ 3 de gasolina.
Por volta de 21h, os menores e Silva chegaram ao local do crime, uma estrada de terra, onde consumiram maconha novamente, enquanto o motorista iniciou os preparativos para o ritual trocando camisa, calça e sapatos que estava usando.
Miranda colocou a vítima de costas para ele, pegou a faca e desferiu um golpe no pescoço dela. Percebendo que o amigo ainda respirava, mesmo com dificuldade, o motorista pediu que os adolescentes colocassem cana-de-açúcar sobre o corpo e ateou fogo.
Segundo a Polícia Civil, mesmo ferido, Silva conseguiu correr por cerca de 100 metros e atravessou uma cerca de arame farpado, mas caiu próximo a um poste de iluminação. Miranda seguiu até o local e esfaqueou o amigo no peito. O jovem morreu na calçada.
O acusado e os menores seguiram a uma cascata que existe próxima ao local do crime, onde a faca foi atirada. Miranda queimou a calça que estava vestindo e os três foram embora. O corpo da vítima foi encontrado na mesma noite por populares.