Um boletim de ocorrência foi registrado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar, na delegacia do município. Segundo relato do pai, durante o primeiro atendimento menina não foi examinada e nem medicada.
SUZANO/SP – Uma bebê de 11 meses morreu horas depois de ter sido atendida e liberada no Pronto-Socorro Municipal Infantil de Suzano, segundo denúncia feita pela família à polícia neste domingo (7). De acordo com boletim de ocorrência registrado na delegacia central do município, Heloisa de Oliveira Lopes foi levada à unidade primeiro às 23h de sábado (6), com vômitos constantes e mãos e pés gelados. O pai da menina disse à polícia que a criança foi atendida, mas não foi examinada e nem medicada e que foi feito apenas um exame de sangue. Ela foi liberada, continuou passando mal e foi levada novamente ao hospital na manhã seguinte, quando morreu. O caso foi registrado como “homicídio culposo”, quando não há intenção de matar.
A Secretaria Municipal de Saúde de Suzano informou que a menina tinha um histórico de doença crônica e que “todo o esforço das equipes da unidade foram realizados para tentar reverter o quadro, mas sem sucesso”.
A tia da bebê, a técnica de seguros Jeicy Ane Alves, contou que a família voltou para a casa, no bairro Miguel Badra, com Heloísa ainda passando muito mal. “Deu mamadeira e ela vomitou de novo. Deu a segunda vez e vomitou de novo. Não estava conseguindo respirar. Levaram de volta para o hospital no domingo cedo. Colocaram no tubo de oxigênio e falaram que estava com infecção no sangue, mas ela não aguentou.”
O retorno da família ao Pronto-Socorro foi às 6h de domingo (8) e a menina foi prontamente internada, mas morreu às 12h, segundo a polícia.
De acordo com a tia, os pais não têm condições emocionais de falar sobre o caso, mas os dois estiveram na delegacia para registrar o caso. Além da bebê, eles têm mais um filho de 6 anos.
Segundo o relato do pai no boletim de ocorrência, a filha “apresentava vômitos constantes e pés e mãos gelados desde a manhã do mesmo dia [sábado]”.
O pai acrescentou que ela foi atendida por uma mulher, mas ele não sabe o nome dela. No boletim de ocorrência consta que “aparentemente era médica, visto que chamou a vítima para atendimento em sala própria dos médicos e disse que precisava de um exame de sangue para verificar o que estava acontecendo”. A mulher teria dito que o exame ficaria pronto no dia seguinte.
Ainda segundo o relato do pai, “a médica não examinou a criança, dizendo apenas que achava que a criança tinha asma e que durante o atendimento não parou de mexer em seu telefone celular.”
O pai voltou para a casa com Heloísa “ainda passando mal, com os mesmos sintomas, visto que a médica não receitou qualquer medicação”. Na manhã do dia seguinte, quando voltou ao hospital com a menina, o pai relatou que a bebê “foi prontamente internada, por estar bastante debilitada. Apesar dos esforços médicos, a criança acabou indo a óbito”.
Segundo a polícia, um inquérito vai ser instaurado, mas não foram divulgadas mais informações.
Em nota, a Prefeitura informou que:
“De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde e a Diretoria do Pronto-Socorro (PS) Municipal, a criança tem um longo histórico de doença crônica, já que passou por diversos atendimentos na unidade: nascida em 07/06/16, o bebê passou pelo PS três vezes em outubro de 2016 (com apenas quatro meses de vida), duas vezes em dezembro do mesmo ano, uma vez em janeiro de 2017 e estas duas passagens neste mês de maio. Em todos os casos ela foi assistida de forma adequada e na noite do último sábado a criança foi atendida por uma profissional médica.
2 – A Diretoria do PS informou que a paciente foi examinada e um hemograma (exame de sangue) foi solicitado. O resultado do exame apontou uma suspeita de infecção generalizada e todo o esforço das equipes da unidade foram realizados para tentar reverter o quadro, mas sem sucesso.
3 – O uso do celular não é proibido, já que o telefone móvel pode ser uma ferramenta de trabalho para o profissional da saúde, com o uso de aplicativos médicos e até mesmo o contato para troca de informações com colegas de profissão. A diretoria da unidade pede, naturalmente, o bom senso no uso do aparelho.
4- A Secretaria Municipal de Saúde aguarda o resultado dos exames necroscópicos para avaliar o que realmente aconteceu e apurar as possíveis responsabilidades para que as medidas cabíveis sejam tomadas.”