Operação Fura-Fila cumpriu três mandados de prisão preventiva, entre eles, do diretor do Centro de Ressocialização de Araçatuba (SP) e uma advogada.
ARAÇATUBA – As investigações do Ministério Público apontaram que o diretor do Centro de Ressocialização de Araçatuba (SP) recebia, além de dinheiro, favores sexuais para transferir presos de outras unidades para o presídio da cidade, que é referência no Estado.
A operação Fura-Fila, deflagrada pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) nesta quinta-feira (12), prendeu três pessoas, incluindo o diretor. Um agente penitenciário, suspeito de participar do esquema, já estava preso.
“A atuação detectada na investigação foi em dois focos: detectamos que servidores recebiam dinheiro para fazer inclusão indevida de presos no Centro de Ressocialização e também envolvimento de familiares e uma advogada de presos visando vantagens amorosas, indevidas, para a transferência dos presos”, afirma promotor do Gaeco Marcelo Sorrentino.
O promotor afirma que as investigações sobre o esquema vão continuar agora com a apreensão de materiais como celulares e computadores.
“Outros presos também vieram para cá de forma ilegal em razão de relacionamentos amorosos de familiares desses presos e também de advogadas desses presos com o diretor da unidade prisional”, afirma Sorrentino.
Segundo o promotor, a transferência de presos para centro de ressocialização é diferente de outras unidades prisionais. Nos centros de ressocialização, o diretor tem autonomia para fazer a mudança. “O diretor da unidade faz triagem, entrevista com os presos, e ele decide a inclusão. Decidido, ele passa para a coordenação que faz a parte logística da transferência”, afirma o promotor.
Em nota, a SAP, Secretaria de Administração Penitenciária, disse que “identificou que agentes penitenciários cobravam propina para transferirem presos de outras unidades prisionais para o Centro de Ressocialização de Araçatuba, sendo também constatado nas investigações um esquema para inclusões indevidas de presos por meio da manutenção de relacionamentos amorosos de familiares e advogada dos detentos com o diretor da referida unidade prisional”.
A operação
Quatro mandados de prisão preventiva foram expedidos durante a operação Fura-Fila. Além do diretor do presídio, José Antônio Rodrigues Filho, uma advogada foi presa em Mirassol (SP), e o filho de um agente penitenciário, este por tráfico de drogas. O outro mandado foi para um agente penitenciário aposentado, que já estava preso.
A operação foi feita pelo Gaeco em conjunto com a Secretaria de Administração Penitenciária.
O caso
A investigação começou em maio de 2017 e identificou que agentes penitenciários cobravam propina para transferirem presos para o centro de ressocialização.
Ainda durante as investigações, um agente penitenciário aposentado envolvido no esquema foi preso em flagrante por tráfico de drogas e foram apreendidos 10 quilos de entorpecentes e uma arma de fogo.
A operação contou com a participação de seis promotores, agentes da SAP e 25 policiais militares.