Bebê em maternidade de Corumbá, MS — Foto: G1 MS.

Família de bebê achado morto e em meio a lençóis sujos de hospital desmonta berço e doa fraldas, diz tia

Menino morreu 3 dias após internação da mãe, em maternidade de MS. Delegado diz que já solicitou a perícia necroscópica da criança e também ouviu testemunhas.

CORUMBÁ/MT – A família do bebê achado morto em meio a lençóis sujos e com o corpo repleto de formigas, em um hospital de Corumbá, a 415 km de Campo Grande, passou o último final de semana desfazendo o quarto montado para receber Killian Lima de Carvalho. A menina foi diagnosticada com icterícia, doença que deixa a pessoa com a pele e os olhos amarelados.

Bebê em maternidade de Corumbá, MS — Foto: G1 MS.

Bebê em maternidade de Corumbá, MS — Foto: G1 MS.

“Hoje está completando 10 dias e ainda estamos sem notícias. Minha irmã e cunhado agora estão aqui em casa, morando temporariamente comigo. Eles estão bem frágeis, sensíveis, a superação aqui é dia-a-dia. O quarto da criança, lá no apartamento deles, já estava tudo pronto. Neste final de semana, tiveram de desfazer algumas coisas, desmontar berço e também doar as fraldas”, afirmou ao G1 a tia da vítima, a atendente Danieli Valmaceda de Almeida, de 32 anos.

Conforme Danieli, as roupas também foram encaixotadas. “Nós estamos fazendo tudo aos poucos, para que eles [pais] não sintam tanto. Eles já possuem um filho, de 4 anos, que está na fase de perguntar e fica perguntando o tempo todo. É bem complicado porque tudo estava planejado, meu cunhado tirou as férias para ficar com o bebê”, lamentou.

Ainda segundo a tia, a família já procurou um advogado e garante que vai processar o hospital. “Nós temos a absoluta certeza que este é um caso de negligência. Nós ouvimos vários médicos, alguns até que vieram conversar com a gente. Todos eles falaram que o quadro não teria sido complicado assim, até mesmo se o atendimento dele fosse no outro dia. Então, precisamos ao menos de justiça, de saber que o caso dele não foi esquecido e não passará em branco”, ressaltou.

O delegado William Leite, responsável pelas investigações, disse que já solicitou a perícia necroscópica da criança e também ouviu testemunhas, entre elas um médico.

Entenda o caso

A criança nasceu no dia 4 de março deste ano e apresentava problemas de saúde. Ele não resistiu e morreu por volta das 2h (de MS) do dia 7 de março, sendo que a família foi informada por volta das 6h. No entanto, ao chegar no hospital, eles teriam ficado chocados com a situação em que encontraram o bebê.

Em depoimento, a família fala que o bebê nasceu com Icterícia, que é quando deixa a pessoa com a pele e os olhos amarelados, podendo evoluir para outros problemas e levar a morte.

No dia do parto, a mãe passou por uma cesariana e tudo ocorreu bem. Porém, após algumas horas, perceberam que Killian estava bem amarelado. No dia seguinte, foi feita uma coleta de exames e o resultado ainda não foi entregue à família, ainda conforme o depoimento.

Dois dias depois a criança já estava com a pele de tom alaranjado e secreções saindo pelo nariz. Desde o parto, o médico também não teria atendido mais aos chamados da família e nem da Santa Casa, conforme relatou o pai e a tia do bebê.

A familiar disse que levou Killian para tomar banho de sol quando encontrou outro médico e este encaminhou para procedimentos necessários. Logo depois, a família foi informada que, se a criança não melhorasse, a levaria para a capital sul-mato-grossense.

Mais tarde, com a notícia da morte, uma enfermeira levou a tia ao necrotério para ver o corpo. Com a sala fechada, ela abriu outra porta e lá encontraram o menino em meio aos lençóis sujos e com o corpo repleto de formigas, sendo que até a roupa que ele estava sumiu. Após toda a situação, o bebê foi limpo, vestido e colocado na câmara fria, cerca de cinco horas após a morte, ainda conforme a família.

G1

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